A greve dos funcionários da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT), deflagrada em 13 estados na noite última quarta-feira (29) e
ainda sem previsão de acabar, já está causando problemas aos usuários com o
atraso no serviço de entrega de mercadorias e correspondências. Além disso, o
rastreamento das postagens, via site dos Correios, também está prejudicado, já
que um grande número de consumidores supostamente não está conseguindo
acompanhar o status da operação.
Nem mesmo o plano de contingência criado pela direção dos
Correios para assegurar a entrega das mercadorias e correspondências tem
resolvido a demora. Em Pernambuco, o secretário de política e formação sindical
do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos de Pernambuco (Sintect-PE),
Edson Siqueira, informou que o percentual de mercadorias entregues à população
é mínimo e grande parte do volume permanece encalhada nas centrais de
distribuição.
Procurada pela reportagem do Diario, a assessoria de
comunicação dos Correios em Pernambuco confirmou o problema, mas discordou do
percentual e afirmou, na tarde desta quarta-feira (5), que “95% das encomendas
estão sendo entregues em dia”. No comunicado, destacou que “toda paralisação gera esse tipo de situação
com o encalhe de mercadorias”. Em relação ao plano de contingência, a
assessoria afirmou que “está sendo executado com plantões nos fins de semana,
horas extras e deslocamento de empregados para atividades de distribuição.”
Na Paraíba, as informações do sindicato local dão conta de
que 35% do volume de mercadorias retidas nos Correios estão sendo entregues. A
reportagem do Diario tentou falar com a direção do Sintect-PB, mas as ligações
não foram atendidas. As duas partes, no entanto, parecem não se entenderem
quanto às informações sobre a greve. O Sintect-PE discordou das informações
passadas pelas assessoria sobre o atraso na entrega de mercadorias e garantiu
que o movimento da classe teve forte adesão em todo o Brasil.
“Em Pernambuco, diria que de 2% e 3% das encomendas estão sendo
entregues à população. No estado, são cerca de 4.040 trabalhadores e 90% desse
pessoal está parado. O movimento teve forte adesão em todo o Brasil”, afirmou
Edson Siqueira. A assessoria regional, todavia, rebateu os números do
Sintect-PE e disse que “82,6% do efetivo total está presente, o que representa
3.223 empregados”. Questionada sobre a situação atual nos centros de
distribuição no estado, desde o início da greve, a assessoria disse apenas que
“o número acima (82,6% do efetivo total e 3.223 empregados em atividade) já
inclui os centros de distribuição.”
O secretário do Sintect-PE também contestou as informações
dos Correios de que o serviço de rastreamento de postagens pelo site da empresa
não ficou comprometido com a paralisação da categoria. “O serviço está
temporariamente fora do ar, foi retirado pela empresa para não agravar ainda
mais a situação”, limitou-se a dizer Siqueira.
Os Correios negam que o serviço esteja comprometido. Sobre a
questão, a assessoria regional informou que “não houve nenhuma paralisação ou
redução dos serviços de rastreamento dos objetos”. A informação foi reforçada,
também, através de um comunicado da assessoria em Brasília, no qual informa que
“todas as agências estão abertas e todos os serviços, inclusive o Sedex, estão
disponíveis, com exceção dos serviços de entrega com hora marcada em algumas
localidades”.
Impasse
Com a falta de entendimento entre as partes, a paralisação
parcial dos Correios será julgada pela Seção Especializada em Dissídios
Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho (TST), cujo relator do processo é o
ministro Márcio Eurico Vitral Amaro. A greve dos funcionários foi deflagrada na
semana passada sob a alegação de que os Correios teriam modificado, de forma
unilateral, a gerência do plano de saúde dos trabalhadores, o CorreiosSaúde,
por um novo operador, a Postal Saúde.
O sindicato alega, ainda, que o novo plano não garante como
dependentes os pais dos funcionários e não cobre os aposentados. Segundo o
órgão, a mudança também criou um pagamento mensal, independente de os
empregados usarem ou não o plano. Desde o início de janeiro, o plano
CorreiosSaúde, que atende os empregados da ECT e seus dependentes, passou a ser
operado pela Postal Saúde, registrada na Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS), com política e diretrizes definidas pela ECT. As regras do plano,
segundo os Correios, não foram alteradas.
Ontem, a direção dos Correios afirmou, através de um
comunicado em seu site, “que não haverá nenhuma alteração no atual plano de
saúde dos trabalhadores, o CorreiosSaúde e nenhuma mensalidade será cobrada”. O
documento ressalta também que “os dependentes regularmente cadastrados serão
mantidos e o plano de saúde não será privatizado, com todas as condições
vigentes do CorreiosSaúde sendo mantidas e os percentuais de co-participação,
que não serão alterados”. A empresa reafirmou que os trabalhadores não terão
custos adicionais.
Sindicato da categoria diz que só 3% do volume de produtos estão sendo entregues. ECT informa que percentual é de 95%
Fonte: Diário de Pernambuco
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