Costume é mais recorrente entre as famílias da classe C. Segundo especialistas, com a ampliação do poder de compra, o brasileiro passou a adquirir novos hábitos de consumo
Conhecidos como templos do consumo, que despertam desejos em mulheres e homens de qualquer idade ou classe social, os shopping centers perderam espaço para os supermercados como o lugar onde as pessoas mais fazem compras por impulso. Segundo levantamento encomendado em junho pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) para avaliar como o brasileiro lida com as ferramentas de crédito, 34% dos entrevistados admitem gastar mais do que o planejado quando estão em supermercados contra 25% em shopping centers. As lojas online, como e-commerces e sites de compras coletivas, apareceram em terceiro lugar, com 19%.
De acordo com o estudo, as compras sem planejamento nos supermercados são uma prática comum na maior parte das classes sociais, mas demonstram ser mais recorrentes entre as famílias da classe C. Em cada dez entrevistados da classe C, pelos menos quatro responderam que são mais impulsivos nos supermercados contra 29% dos consumidores das classes A e B. Os shopping centers são responsáveis pelas compras por impulso para 27% dos entrevistados das classes A e B enquanto que na classe C o percentual é de 22%
Na avaliação do gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, a transformação dos supermercados em estabelecimentos amplos e com maior variedade de produtos é uma das razões que explicam o porquê de tantos consumidores perderem o controle do orçamento quando visitam esses lugares. “Hoje os supermercados oferecem em suas gôndolas produtos que vão além de itens básicos para alimentação da família, higiene e limpeza da casa. As grandes redes de supermercados investem cada vez mais para despertar o desejo de consumo e as estratégias vão desde ofertar produtos diferenciados até a maneira mais atrativa de organizar os produtos nas prateleiras”, explica.
Razões do descontrole
A emergência da classe C é outro fator citado pelos economistas do SPC Brasil para explicar a liderança dos supermercados como o estabelecimento mais comum nas compras não planejadas. “As classes de menor poder aquisitivo sempre destinaram parte maior de seus orçamentos para o supermercado, como alimentação e itens de necessidade da casa. Com a recente ampliação do poder de consumo no Brasil, essa parcela da população passou a incorporar novos produtos em suas compras”, esclarece Borges.
Na avaliação dos economistas do SPC Brasil alguns hábitos inapropriados podem contribuir para a impulsividade nas compras, como não fazer uma lista de planejamento antes de sair de casa ou até mesmo levar filhos pequenos para os supermercados. Pelo menos 26% dos entrevistados afirmam que não resistem às pressões dos filhos e acabam enchendo o carrinho com mais produtos do que deviam. Entre os pais que tem crianças de até seis anos de idade o percentual aumenta para 37% e para os que tem filhos entre sete e 15 anos é de 35%.
“Na faixa etária dos seis, sete anos de idade é realmente difícil para os pais demonstrarem aos filhos a importância do planejamento financeiro, mas é necessário que ele seja ensinado desde pequeno, pois essa é a maneira mais saudável da criança crescer e se tornar um adulto financeiramente responsável”, enfatiza Borges.
Quando perguntados sobre os produtos que menos conseguem resistir, os mais citados pelos entrevistados foram roupas (56%), calçados/ acessórios (43%) e perfumes/ cosméticos (29%), mas Borges destaca que muitas das compras por impulso nos supermercados são imperceptíveis para o consumidor. “Os supermercados são verdadeiros paraísos para as pequenas compras e é comum o consumidor supor que uma compra supérflua de baixo valor não vai pesar no orçamento ou que ele não está agindo impulsivamente no ato da compra”, alerta Borges.
Metodologia
Para elaborar o estudo sobre o Uso do Crédito pelo consumidor brasileiro foram entrevistadas 604 consumidores em todas as capitais do país, com alocação proporcional ao tamanho da População Economicamente Ativa (PEA). A margem de erro amostral é de 4% e a confiabilidade de 95%.
Fonte: SPC Brasil
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