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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Compras por impulso estão relacionadas à baixa autoestima e à insatisfação com a aparência, diz SPC Brasil‏


Apesar de se considerar  preparado, pesquisa  revela  que o brasileiro não sabe  lidar com o próprio dinheiro: 85% faz compras por impulso e 74% admite não ter qualquer investimento

Estudo do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) revela que ansiedade e insatisfação com a própria aparência são os motivos que mais levam os brasileiros a fazerem compras por impulso. O estudo foi encomendado para testar o grau de conhecimento do consumidor sobre finanças e conclui que, apesar de se considerar preparado, o brasileiro não sabe lidar com o próprio dinheiro: 85% da população faz compras sem planejamento e 74% não possui qualquer investimento fixo, como a caderneta de poupança, por exemplo.
Faz compras sem planejamento?

O levantamento mostra o quanto que fatores puramente emocionais interferem negativamente nas contas do consumidor: quatro em cada dez entrevistados (43%) admitem fazer compras por impulso em momentos de ansiedade, tristeza ou angústia. Na avaliação do SPC Brasil
, este tipo de consumo descontrolado revela ser um mecanismo de compensação para suprimir carências que nada têm a ver com o universo material.

Entre os que fazem compras movidas por impulsos emocionais, a ansiedade por um evento que se aproxima (festas, jantares e viagens, por exemplo) é o motivo mais decisivo entre consumidores de classes A e B. Por outro lado, a baixa autoestima (insatisfação com a própria aparência) é a razão mais citada entre consumidores das classes C e D. 
“Na busca pelo prazer imediato ou para exibir um estilo de vida que não condiz com a própria renda, o comprador se alivia momentaneamente, sem se importar com o futuro do próprio bolso”, diz a economista do SPC Brasil Ana Paula Bastos.

Quando questionados se pedem algum desconto ao fazerem compras a vista, a maioria (85%) respondeu que sim. Apesar deste comportamento maduro, o brasileiro ainda peca na hora de fazer compras a prazo: a maior parcela dos consumidores (37%) só observa se o valor mensal da parcela cabe no próprio bolso e não leva em consideração a taxa de juros embutida no financiamento. “Esse comportamento é ainda mais marcante nas classes C e D (42% contra 30% nas A e B), porque são consumidores que estão aprendendo a lidar com o crédito e que têm costume de fazer compras ─ principalmente as de maior valor ─ parceladas”, explica a economista Ana Paula Bastos.
O que considera mais importante ao parcelar uma compra?

Eles não poupam

O estudo também revela o imediatismo do consumidor brasileiro: quatro em cada dez entrevistados (42%) gastam tudo o que ganham e não conseguem poupar qualquer quantia. Considerando somente consumidores das classes C e D, este percentual é ainda maior, chegando a 53% ante 28% nas classes A e B. “Isso se deve a menor renda disponível nas classes C e D, impossibilitando estas pessoas de guardarem um pouco de seus salários, depois de pagar as contas primárias como aluguel, água, luz e telefone”, explica a economista.

Em uma situação hipotética de perda total das fontes de rendimentos, 30% dos consumidores admitiram quem não conseguiriam manter o atual padrão de vida nem por um mês, enquanto 35% conseguiriam mantê-lo de um a três meses. 17% deles conseguiriam por quatro a seis meses e 10% entre sete e dozes meses. Apenas 7% da população conseguiria manter-se firme nessa situação por mais de um ano.

Eles não investem
A maioria (74%) dos entrevistados também admite não possuir qualquer tipo de investimento fixo como a caderneta de poupança. Na visão do SPC Brasil, o baixo percentual de investidores entre os consumidores é reflexo da falta de conhecimento do brasileiro sobre como e onde aplicar o próprio dinheiro. “Apesar de a pesquisa apontar que 72% dos entrevistados se consideram aptos a fazer a administração das finanças de casa, o que se percebe é que o brasileiro não tem noções básicas de orçamento doméstico e não sabe lidar com o próprio dinheiro”, afirma a economista.

Importância da educação financeira
Para o SPC Brasil, o atual cenário econômico e social brasileiro revela uma melhoria do padrão de vida da população, impulsionado por fatores como alta empregabilidade, aumento da renda média e amplo acesso ao crédito. A combinação desses fatores fez emergir no Brasil uma nova classe média, ou seja, o país presencia a ascensão de uma parcela significativa da sociedade ao mercado de consumo.

O novo padrão de consumo que se estabeleceu em decorrência destas mudanças vai além das necessidades consideradas primárias e abrange produtos e serviços que no passado se limitavam um percentual restrito de consumidores. “Daí surge à importância da educação financeira como forma de contribuir ativamente para aumentar o nível de consciência financeira, reduzindo a inadimplência e possibilitando um mercado mais transparente e com vantagens para todos que utilizam o crédito”, alerta a economista.


Metodologia
Pesquisa encomendada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) buscou avaliar a educação financeira do consumidor brasileiro. Foram ouvidos em todo o país 646 consumidores. O estudo foi realizado em todas as capitais com alocação proporcional ao tamanho da população economicamente ativa (PEA), com margem de erro de 3,9% e um intervalo de confiança de 95%.
Fonte: CNDL

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